terça-feira, 10 de julho de 2018

Sobre faculdade, medicina, carreira profissional, vida e afins

Durante algum tempo eu pensei que as grandes pessoas desse mundo eram aquelas super mega hiper bem sucedidas profissionalmente. E talvez elas sejam mesmo. Mas não só elas. Todo mundo tem um quê de especial. Acontece que não apenas as pessoas bem sucedidas profissionalmente são grandes pessoas... todo mundo é uma "grande pessoa" por dentro ou pelo menos tenta ser.

Antes eu pensava que para ser um bom médico você teria que ser bastante conhecido. Acredito que eu pensava assim pelo fato de os professores da faculdade terem mestrado,  doutorado, residência no exterior, vários artigos publicados.. e não tenho a dúvida de que todos (ou a grande maioria) são grandes médicos (não só no âmbito da formação em si, mas na parte humana da medicina, na relação médico-paciente também). Tudo na vida tem seu preço: se você quiser ser um médico bastante conhecido, você terá que abrir mão de algumas coisas da sua vida. Mas existem também bons médicos (tanto na parte da ciência como da formação acadêmica) que ficam mais nos bastidores, que não são professores ou pesquisadores da faculdade, mas que dão um verdadeiro show de exercício da Medicina sem viver exatamente apenas para ela (não que os professores façam apenas isso, mas muitos deles nos dão a entender que nós devemos viver para a faculdade e isso causa bastante ansiedade em nós, alunos... pois... nós somos humanos, temos nossas necessidades de curtir a família, o marido/namorado/ficante/rolo, de viajar, de apreciar uma boa música, de beber de vez em quando).

Ainda bem que as coisas estão mudando. Nesses meus 10 semestres de FAMED, uma coisa que eu pude perceber é que tem muita coisa na faculdade que pode ser mudada. Muitos módulos que podem ser reconfigurados, otimizados... Muitas informações "vomitadas", que nós não fixamos nada na cabeça e não aprendemos o básico que o médico generalista deve saber. Há alguns módulos - ainda bem - em que os professores já perceberam isso e fizeram mudanças maravilhosas... Mas outros que é simplesmente uma tortura ir pra aula.

Mas voltando ao assunto anterior... porque as pessoas colocam tanto na nossa cabeça que o médico não tem vida? Eu, pelo menos, não tenho a mínima intenção de repassar ou de viver a vida de uma médica que é doente de tanto trabalhar. Como eu posso cuidar da saúde de alguém se eu não cuido nem da minha? Há algo errado. Por que nos sobrecarregam tanto no internato se as coisas podem ser divididas ou pelo menos compartilhadas? Por que há médicos - que já foram estudantes de Medicina, pasmem! - que nem olham pro interno se ele mesmo já foi um? Se ele cuida de... pessoas?! Há  algo muito errado na formação médica e há algo muito errado na vida que querem que nós, futuros médicos, tenhamos.

É bem fácil de entender tudo isso... é só pesquisar sobre suicídio de estudantes de Medicina e médicos. Não é raridade. É triste.

Uma coisa que eu tenho certeza é que eu vou cuidar da minha saúde pra poder cuidar dos meus pacientes.