domingo, 9 de março de 2014

Falso moralismo + racismo

Sempre fico com um pé atrás quando vou olhar alguma coisa que as pessoas julgam ser racista. Ontem vi uma notícia que, de certa forma, me manipulou a acreditar em algo que, do meu ponto de vista, não é verdade. Tratava-se de uma notícia no Facebook que era estampada por uma foto de um par de mãos negras colocando um colar em uma pessoa branca. Daí você já pode deduzir que o título da notícia acusava a loja de racismo, já que, aparentemente, havia uma mulher negra trabalhando para uma mulher branca, de acordo com a foto. Eu também achei racista. Resolvi, porém, ler a notícia.

Ao ler as informações na página do jornal, vi que, na realidade, a propaganda não se tratava apenas daquela foto, ela era, na realidade, um vídeo em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (aliás, aqui vão meus parabéns - atrasados, diga-se de passagem - para todas as mulheres). Resolvi assistir ao vídeo para analisar se a polêmica era verdade. Ok, entrei no You Tube.

O vídeo mostra uma mistura de mãos e corpos negros e brancos. Sinceramente, não notei preconceito nenhum na propaganda. Na minha humilde opinião, tudo se tratou se contraste mesmo. Uma grande empresa como a Riachuelo não iria "queimar seu filme" cometendo um ato racista, algo totalmente ultrapassado e inadmissível.

O problema de tudo é que as pessoas, falsas moralistas, enxergam preconceito em tudo quando, na realidade, o preconceito está dentro da cabeça delas, apenas.

Li alguns comentários a respeito da notícia e li um que realmente fez todo o sentido para mim: os corpos brancos e as mãos negras foram considerados racismo pelas pessoas porque, segundo o apresentado, as negras estavam servindo as brancas. Caso fosse o contrário, corpos negros e mãos brancas, também seria racismo, pois os pessoas julgariam que aquilo seria as negras sendo oprimidas pelas brancas. De qualquer forma, a propaganda seria considerada racismo.

Não adianta acusar racismo quando ele está presente nas pessoas, até mesmo nas próprias pessoas negras. O racismo existe ainda, mas está escondido hipocritamente dentro de muitos cidadãos. 

Ele existe quando você atravessa a rua porque um negro pobre vem em sua direção.
Ele existe quando você pensa que o negro ocupa cargos inferiores.
Ele existe quando você não quer um(a) negro(a) namorando sua(seu) filha(o).
Ele existe quando você não quer ter um cabelo de origens africanas.
Ele existe quando você chama um negro de macaco.
Ele existe quando você se julga melhor que um negro.
Ele existe quando você não quer assumir que é negro(a).
Ele existe em nossa sociedade.

Vivemos em um país hipócrita: um país que bajulou a negra Chica da Silva em tempos de escravidão porque ela era casada com um homem rico. Apenas por isso. Um país hipócrita no qual as pessoas negam as próprias origens. O Brasil, pelo menos em sua maior parte, não apresenta apenas descendentes europeus. Nas nossas veias correm sangue indígena e africano também, por mais que seja de um parente distante.  

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