quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

A vela


Hoje foi mais um dia normal pra mim. Fui pra faculdade, assisti às aulas, voltei pra casa. Hoje foi apenas mais um dia normal pra mim. Mas, como eu falei: pra mim.

Enquanto caminhava pela faculdade (a minha faculdade tem muitos departamentos espalhados, logo, é bem grande), ao passar perto de um determinado departamento, vi um carro de uma funerária parado (provavelmente esperando algum corpo - de alguém que já fora vivo(a), como eu e como você que está lendo esse texto agora). Fiquei pensando: hoje pra mim é um dia normal, mas para essa pessoa, não há mais dia, e, para a sua família e amigos, hoje não é um dia normal nem um dia feliz.

Passei por essa sensação de perder alguém especial há menos de um mês e fiquei pensando: Nossa, essa pessoa está passando pelo que eu passei. É como se fôssemos televisões: hoje, na minha Tv, passou a programação habitual, mas para aquela pessoa não. Para ela a programação de hoje foi totalmente fora do habitual, fora do padrão. E, sinceramente, o habitual é o que mais faz falta. Quando você perde alguém, o que mais faz falta são os dias... comuns! Sim, o que mais faz falta é a rotina. O que mais faz falta é chegar em casa e não ter aquela pessoa lá, é acordar de manhã e saber que aquela pessoa não está mais aqui.

Somos todos uma chama de vela: não importa o tamanho da vela (comprida ou bem curtinha, com a parafina quase no final), a chama pode se apagar em qualquer momento. Temos a sensação de que temos controle sobre tudo, quando, na realidade, não temos controle sobre nada.

Na minha Tv hoje, a programação foi normal. Mas existem milhões de Tvs por aí com suas milhões de programações.

Mesmo assim, diante de programações diferentes, por que não tentamos ser empáticos? Mesmo com a programação normal em nossa Tv, por que não podemos amparar aquela pessoa em cuja Tv a programação mudou radicalmente?

Fui ao banco e duas pessoas se desentenderam por uma tremenda besteira que não vem ao caso: de que adianta se preocupar por tão pouco? Por besteira? No final do dia, ao refletirmos, esses atos fazem apenas mal. É isso que queremos lembrar enquanto a chama está acesa? É isso que queremos que nossa chama ilumine?

Uma - infeliz - coincidência aconteceu: uma pessoa da minha família partiu desse mundo hoje ao final do dia. E eu fiquei pensando: poxa, nós sempre acreditamos que nosso dia está longe (não só o nosso, como o das pessoas que amamos também) e acabamos não valorizando nossa vida, nossa rotina, nosso cotidiano, nossas pessoas queridas... E nossa chama está acesa! Nossa Tv ainda está funcionando! Mas não será para sempre, óbvio. Nunca saberemos até quando. O que sabemos é que somos finitos...

O que eu queria dizer com isso tudo? A morte existe e a morte é a certeza absoluta que temos. Mas a vida tá acontecendo, a vida é agora. Precisamos dar amor, precisamos receber amor, PRECISAMOS DE AMOR. O mundo tá sofrendo uma epidemia de depressão! As pessoas estão reféns das tecnologias, as pessoas preferem fazer um "textão" de agradecimento no Facebook do que falar o textão pessoalmente pra pessoa.

Vamos acordar, mundo! Vamos continuar usando as tecnologias, continuar usufruindo das novidades... mas, também vamos espalhar o amor enquanto estamos vivos e disseminar essa ideia. E aí, o que vc me diz?

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