sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

É diferente!

Há quem diga que quem faz Medicina não pode se sentir mal psicologicamente mal ao ver cadáveres. Risos.

Eu penso em fazer residência na área de cirurgia geral, mas ainda não é certeza; afinal, agora que terminei o primeiro semestre de Medicina e tenho certeza que ainda irei ver bastante áreas interessantes desse curso tão bonito. A anatomia é uma área muito linda. Ir ao laboratório morfofuncional e estudar as partes do corpo humano é muito interessante e estimulante. Aliás, acho muito corajosa e admirável uma pessoa que doa seu corpo à ciência.

Por outro lado, lamento a exposição animalizada e triste da violência nas grandes cidades por meio de cidadãos mortos de forma banal. Pessoas se matando todos os dias, normal. Tráfico de drogas, furtos, assaltos, estupros, mortes. Indivíduos são mortos em calçadas, restaurantes; não há um lugar definido. Além disso, é nessa situação banalizada em que atuam os programas policiais. 

Nesses tais programas, as pessoas que perdem suas vidas são expostas de uma forma que nos dão a sensação que ser morto por uma causa não natural é normal. Os corpos banhados em sangue em calçadas e ruas são mostrados explicitamente, pois a imagem embaçada que eles colocam por cima não é suficiente para que nós não percebamos o que há ali por trás. Só o contraste do sangue com o cadáver e o ambiente já denuncia uma cena brutal. Também vale ressaltar que as próprias pessoas banalizam a morte: enquanto as "reportagens" fazem o seu trabalho animalesco, as pessoas fazem gestos e sorriem para as câmeras da memissora que faz a cobertura do ocorrido. Sangue, corpos maltratados e desgastados. Muito e muitos.

Mas, voltando à questão apresentada na primeira linha do texto, eu acredito que não necessariamente um estudante de Medicina precise aguentar todas as situações a que lhe são expostas, pelo menos psicologicamente.

O cadáver deve ser respeitado. O ser humano é uma obra divina, é um dos animais mais adaptados, aliás, é o mais adaptado à Terra (de acordo com minhas conclusões darwinianas). Ver uma pessoa morta e exposta de forma animalizada deixa qualquer um (eu acredito) triste, sem fé na humanidade, me entende? Eu vejo cadáveres quase ou mesmo diariamente na minha faculdade e não me sinto mal, pelo contrário, me sinto privilegiada por ter a oportunidade de estudar algo tão belo. Porém, eu simplesmente não consigo assistir a programas policiais e não me sentir mal.

Ver um paciente na sala de cirurgia, cuidar do seu corpo e da sua saúde por meio de um bisturi; ter todos os utensílios necessários e preparos para tal evento, bem como uma equipe treinada é totalmente diferente de sofrer o impacto de uma pessoa vítima de uma morte banal e de uma população sedenta por sangue.

E assim caminha a humanidade...


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