domingo, 19 de janeiro de 2014

Os cachorrinhos.

Meu namorado falou algumas coisas pra mim que fizeram um grande sentido na minha cabeça.

Unhas grandes? Olhos sem pelos ao redor? Magreza? Perda de pelo? Falta de apetite? É, pode ser que o seu cachorro tenha calazar. Pode ser que seu cachorro precise ser sacrificado. Mas, existe vacina pra calazar! O governo faz campanhas todo ano e, além disso, no meio particular a vacina custa cem reais. O Estado se preocupa com a saudade do cidadão, afinal, o cidadão vota, né?

Comportamento estranho ou mesmo agressivo? Baba em espuma? Isolamento? É, é possível que o seu animal tenha contraído raiva. A raiva é perigosa! Ela passa para os humanos, por meio da mordida do animal infectado, e, se as injeções necessárias não forem feitas antes que o agente patogênico alcance o cérebro, a pessoa morre. A raiva é 100% letal em humanos. Mas, existe sim vacina para raiva. O governo faz campanhas. O cachorro fica protegido, seu dono também. Seu dono vota.

Magreza? Falta de apetite? Tremores? Mioclonias? Falta de coordenação motora? Grunhidos? É, talvez seu animalzinho tenha contraído cinomose. A cinomose é uma zoonose causada por um certo vírus. Ela afeta principalmente filhotes e, quando não mata, deixa sequelas graves. Se não tratada logo no início, mínimas serão as chances de seu animal sobreviver. A cinomose não afeta humanos. E seu cachorro não vota.

Já quase no final do ano de 2013, peguei uma cachorrinha pra criar, pois seus donos não tinham condições e ela não estava recebendo os cuidados necessários. Mas, aparentemente, ela já chegou doente. Hoje, 19/01/2014, ela precisou ser sacrificada. Motivo? Cinomose. Minha família e eu fizemos de tudo para que ela ficasse boa, afinal, ela já havia virado uma integrante muito amada da família. Já nos seus últimos dias aqui em casa, ela passou a apresentar mioclonias nas quatro patas, falta de coordenação motora, feridas, etc.

Já imaginou sua cadelinha tentar andar e cair? Já pensou sua cadelinha não conseguir mais mastigar a comida, apenas lamber? Pois é, eu levantava ela toda vez que ela caia. A gente passava a comida dela no processador e dava na boquinha dela. Água? Só se fosse na seringa! E na hora de dormir? Caminha fofinha, lençol, curativos nas patinhas (já machucadas e vermelhas de tantas contrações musculares ininterruptas!). Ah, e MUITO carinho! Muito amor todo dia e o dia todo! Mas nada a fazia parar de chorar.

Foi feito exame de medula, foram dados remédios para cuidar do cérebro, do apetite e até mesmo medicamentos para dormir. Internamento no veterinário, comida triturada. Tratamento trabalhoso, doloroso, demorado, desgastante e caro. Nós e o veterinário fizemos de tudo, mas, mesmo assim, não deu certo. Tentamos. 

Isso tudo me dói muito. Cansei de dizer pra ela que eu a amava, cansei de imaginá-la aqui em casa saudável de novo! Queria mais uma oportunidade de brincar com ela, dar banho na pia, vê-la na casinha, vê-la deitada na área com a Preta e a Biboca. Mas também cansei de vê-la sofrendo, afinal, ela era apenas uma "criança".

Mas, mesmo com tudo isso tendo acontecido, fico muito feliz por ter tido a oportunidade de cuidar de uma cadelinha tão especial, linda, divertida, brincalhona e feliz. Nada no mundo apaga isso, nada. Nunca vou esquecer o pelinho brilhoso da minha Duca. Ainda lembro quando ela chegou: meus pais foram me buscar na faculdade e quando eu entrei, minha mãe tinha uma mochila aberta no colo. Eu perguntei o que tinha ali dentro e ela levantou um pouco e eu vi uma cachorrinha pretinha muito linda com um olhar de medo e de curiosidade ao mesmo tempo. Foi amor a primeira vista. Uma cachorrinha que a gente ia doar, mas o destino fez ela ficar aqui em casa, recebendo muito amor. Ela quase foi embora, fiquei muito triste, mas a pessoa que a adotou a devolveu no mesmo dia. Achei maravilhoso! Rs.

Pense, numa bebê faminta, comia de tudo e tudo o que tinha! Rs. E também não gostava muito de tomar banho não, mas adorava um carinho na cabeça. E esse carinho nunca acabou. Os olhinhos lindos deixavam qualquer um besta! Eu simplesmente deixava de estudar um pouco pra ir fazer carinho nela. 

E, agora me diz, se a cinomose afetasse os humanos, tanto cachorrinho ia morrer por causa dela? Pois é, acho que não. Humano vota.

Te amo, Duca! :)


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